Guilherme Machado
Década ficou marcada pela ousadia das minisséries da Globo, que elegeu essas produções para experimentar novos formatos narrativos
"Justiça", que tem estreia marcada para o próximo dia 22, já vem provocando bastante empolgação nas redes sociais. A minissérie promete entrar para a história da Globo com um formato narrativo mais ousado. Embora as novelas permaneçam como o carro-chefe da emissora, ao longo dos anos a aposta em diferentes formatos e minisséries tem sido uma constante para o canal sediado no Rio de Janeiro.
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Nos anos 90, a Globo ampliou a produção de minisséries, que viraram uma espécie de reduto para algumas das maiores ousadias da emissora. Intensificaram-se os trabalhos de pesquisa deste formato e a produção se tornou cada vez mais presente, com alguns verdadeiros clássicos da dramaturgia nacional surgindo nesse período. Para preparar os espectadores para “Justiça”, o iG relembra cinco minisséries da Globo dos anos 90 que ousaram e marcaram a história da televisão brasileira:
“As Noivas de Copacabana” (1992)
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Miguel Falabella e Christiane Torlonii em "As noivas de Copacabana"
Foto: Reprodução/Memória Globo
Muito antes de “Dupla Identidade”, série de sucesso criada por Glória Perez, a Globo exibia esta obra de autoria de Dias Gomes, que contava com Miguel Falabella na pele do protagonista Donato, um assassino em série frio e calculista, que seduzia mulheres que tinham um anúncio de vestido de noiva nos classificados dos jornais, e as assassinava. Ele estrangulava as mulheres enquanto elas usavam o vestido de noiva. Donato impressionava a audiência porque vivia uma vida normal ao lado da mulher Cinara (Patrícia Pillar) e de sua tia Eulália (Yara Lins), sem deixar transparecer sua real psicopatia.
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O autor criou a minissérie baseando-se em uma reportagem exibida pelo “Fantástico” na época e ganhou dois finais diferentes: na versão brasileira, Donato fugia. Na internacional, acabava na cadeia. A série não contou com uma trilha sonora própria, com a canção “Copacabana”, de João de Barro e Alberto Ribeiro, sendo a única a marcar presença. A série teve considerável repercussão e foi reprisada pela Globo em mais de uma ocasião.
"Anos Rebeldes" (1992)
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As protagonistas de "Anos Rebeldes"
Foto: Reprodução/Memória Globo
Assim como "Anos Dourados" esta minissérie teve um grande sucesso e impulsionou a carreira da atriz Cláudia Abreu. A história buscava demonstrar a repressão imposta pelo regime militar, que teve inicio em 1964. A personagem Heloísa, interpretada por Cláudia, teve grande destaque na trama, passando de uma menina rica e mimada para uma combatente contra as imposições militares.
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Não apenas uma das melhores minisséries da Globo, mas de toda a televisão brasileira, ela foi apontada inclusive como uma influência nas manifestações políticas da época em que foi exibida, quando o movimento dos “Caras Pintadas” tomava as ruas em oposição ao governo Collor. Cláudia Abreu contou que chegou a ser chamada para palanques e que foi identificada como “musa dos caras pintadas” A minissérie também foi a estreia da atriz Betty Lago na TV.
"Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados" (1995)
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Claudia Raia como "Engraçadinha"
Foto: Reprodução/Memória Globo
Esta minissérie foi baseada na história “Asfalto Selvagem: Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados”, do dramaturgo Nelson Rodrigues, e foi uma das mais ousadas produções da Globo, tratando de temas como sedução e sexualidade. A história começa em Vitória, quando Engraçadinha (Alessandra Negrini), moça de família conservadora, encontra o prazer com seu primo Sílvio, que é noivo de Letícia (Maria Luísa Mendonça), que também nutre uma paixão pela amiga. No entanto, quando Silvio descobre que é na verdade irmão de Engraçadinha, Silvio se castra na frente dela e morre. Anos depois, agora casada, Engraçadinha (Cláudia Raia) redescobre o prazer em um caso extraconjugal com Luiz (Alexandre Borges), no entanto, Letícia reaparece novamente para chacoalhar a vida de Engraçadinha.
A minissérie fez parte das comemorações de 30 anos da Rede Globo. Primeiro papel dramático de Claudia Raia na televisão, que lhe rendeu muitos elogios e a firmou como uma atriz versátil. Foi, também, a estreia da atriz Alessandra Negrini na televisão. A minissérie foi vendida para diversos países e foi lançada em DVD em 2006.
"Hilda Furacão" (1998)
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Rodrigo Santoro e Ana Paula Arósio em "Hilda Furacão"
Foto: Reprodução/Memória Globo
Escrita por Glória Perez, esta minissérie contou a história de Hilda Furacão, do romance homônimo de Roberto Drummond, que se tornou a prostituta mais cobiçada de Belo Horizonte, após fugir no dia de seu casamento e se distanciando de sua família tradicional.
Sem dúvida, o maior destaque desta minissérie foi a atriz Ana Paula Arósio, que acabou se transformando em uma grande estrela de novelas e de outras minisséries da Globo. A trama contou com diversas tramas interessantes. De acordo com o site "Memória Globo", a autora se baseou em depoimentos de militantes do período para reconstruir o clima político da época. O ator Rodrigo Santoro também foi bastante elogiado por seu desempenho.
"Chiquinha Gonzaga" (1999)
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Regina Duarte em "Chiquinha Gonzaga"
Foto: Reprodução/Memória Globo
Esta minissérie de Lauro César Muniz contou a história da compositora Chiquinha Gonzaga, que desafiou todas as ideias de sua época e também mostrou toda a luta das mulhers por um espaço na sociedade.
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A minissérie marcou a retomada de obras de época na emissora e impulsionou o desenvolvimento de tramas de época no horário das 18h, além de ser um sucesso de audiência e um dos melhores trabalhos do autor, que serviu de referência para outras minisséries da Globo que vieram.